quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

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Ou mais uma demonstração - entre outras coisas... - de que a sociedade civil tem mais força do que pensa.

6 comentários:

Anónimo disse...

E os camelos somos nós...

Hugo Rocha Pereira disse...

Na Margem Sul afinal não há camelos, que em Portugal podem ser encontrados no Jardim Zoológico, na classe politica em geral e no Governo em particular.

Rhodes disse...

Gostei muito de ver o Socrates a defender esse merdas... lindos, eles todos... Dos governos mais circenses que tive o disprazer de presenciar.

I wanna see the constitution burn, wanna see palacio de belem overturned... Murder the government!

Edson Arantes do Nascimento disse...

Dizer mal só por dizer cheira a exagero e a perseguição.

Que eu saiba, a história do 'novo aeroporto na OTA' não foi ideia nem proposta deste governo, muito menos desta legislatura. Quem decidiu que a obra ali seria edificada não foi Sócrates, portanto. Ele errou quando quis avançar, 'para ontem', com um projecto que vai ser histórico (palavra muito cara para os políticos), mas que não teria todos os pressupostos observados. Limitou-se a ser ele mesmo, ou seja, um português.

Ora, 'prometendo' no seu programa eleitoral a construção de um novo (e necessário, diga-se) aeroporto internacional, era óbvio que a construção seria materializada no local desde sempre indicado (e até então pacífico) para o efeito: a tal de Ota. Afinal, porque não?, estaria tudo a postos...

Acontece que, enquanto as coisas andavam no 'diz que disse' e no 'futuramente', à boa maneira portuguesa, ninguém quis saber se a Ota era o local mais apropriado para uma intervenção brutal como é a construção de um aeroporto. Nem eu, nem vocês, nem eles.

Quando deram o tiro de partida e anunciaram, 'vamos construir, agora!, já!, vai custar xxxxxxxxxx ao cubo e será na Ota', aí, claro, aqui del-rei porque calma lá - será que é mesmo o bom sítio para se fazer isso tudo?

E o ambiente? E os custos? E o xixi? E o cócó? Tudo serviu para dirimir argumentos, engendrar estratégias, cabalas, estudos e negociatas. Acabámos por perceber que, afinal, o local escolhido tinha-o sido sem fundamentação, pior, sem nenhuma fundamentação lógica.

Então, e de forma bastante astuta e pouco autista (até porque a labareda já ia alta, estaria mesmo a queimar alguns boletins de voto, diz-se...), Sócrates decide, e muito bem, parar o processo (mesmo correndo o risco de perder um dos seus 'braços-direitos', o ministro Mário Lino), repensando-o e dando a oportunidade aos especialistas (alguns até são mais 'especialeiros', mas enfim, é o que há) da 'sociedade civil' - até aí marginalizados, espante-se -, de emitir os seus pareceres e estudos técnicos.

Isto parece-me democrático e justo.

E parece-me também que, se este processo foi consubstanciado ao contrário (primeiro decidiu-se o local, agora chumbado!, depois reservaram-se os terrenos, quem ganhou?, e só depois vieram os orçamentos, estudos de viabilidade e projectos de construção) não foi por responsabilidade do actual primeiro-ministro.

Na minha opinião, o homem limitou-se a governar e, por muito que vos desgoste, desta vez fê-lo bem.

Última achega: por vezes (não sempre), ver de fora é uma boa oportunidade para captar imagens com melhor resolução. Isto porque queria fazer ao auditório a seguinte pergunta:

- Perante os actuais e (previsíveis) futuros actores políticos portugueses, haverá alguém em melhores condições de 'governar' do que o actual primeiro-ministro, José Sócrates?

(Vou dar a minha resposta, claro: não, não há, não há mesmo, e arrisco que este governo vai lá ficar mais uma legislatura, no mínimo. Aguentem-se.)

Hugo Rocha Pereira disse...

Não sou grande adepto de comments-testamento, mas já que não tenho outra hipótese, aqui vai.
Não estou a dizer mal só por dizer (como, aliás, acabas por reconhecer no teu bitaite, ao escrever que «Acabámos por perceber que, afinal, o local escolhido tinha-o sido sem fundamentação, pior, sem nenhuma fundamentação lógica»), não caio em qualquer exagero nem persigo nada ou ninguém.
A localização Ota não surgiu com este Executivo, é verdade, mas o mesmo insistiu nessa solução (considerada, quase a olho nu, má por muitos, inclusivamente pelos pilotos) sem ter encarado sequer outras possibilidades - e a decisão, o timbre, a marca de avançar para ela - a responsabilidade, enfim - seria deste Governo e de nenhum outro.
A responsabilidade, em primeira linha, de estudar alternativas era também do Governo, mas apenas quando a sociedade civil fez barulho, a CIP apresentou o estudo e o PR fez um aviso à navegação o "jamais" se transformou em "peut être" e a teoria do deserto começou a meter água.
Isto pode ter sucedido por mera teimosia, por promessas antigas ou mera leviandade/incompetência - o que é grave, de qualquer forma -, mas a maior crítica apontará sempre no mesmo sentido, ou seja, para a suposta irredutibiidade que, do mal o menos, acabou em marcha-atrás;
Ver o burgo de fora permite captar imagens com maior distanciamento, mas nem sempre com a melhor resolução - neste caso, compreendo que, estando há algum tempo em Angola, num dos regimes mais injustos, corruptos e atrozes do mundo, acabes por relativizar as asneiras do status quo luso;
Aproveito para devolver a tua pergunta transformada em retórica argumentativa: em Angola não haverá actores políticos mais capazes que José Eduardo dos Santos? Em caso de responderes afirmativamente, será que mesmo assim, o Zé Du não continuará, assim o queira, por mais uma(s) legislatura(s)?
Não posso discordar mais com a tua (pré-)conclusão, que repete a teoria do «Depois de mim, o caos», tantas vezes utilizada por quem está no poder.
Podia terminar como tu o fazes, com o lusófono fado do «Aguentem-se!», dedicado a Angola, mas não o faço, por respeito aos Angolanos, que não merecem aguentar o que têm aguentado - tal seria uma afronta muito pior do que aquela que fazes aos teus patrícios portugueses.

p.s. - e não é por criticar este Governo (que a cada semana, mês e Estação merece mais e maiores críticas) que sou obrigado a louvar a oposição ou quem quer que seja.

Anónimo disse...

clap, clap, clap!! à resposta HR